terça-feira, 24 de junho de 2008

Não!

E quando o Mundo te diz?
E quando as Pessoas te disserem?

Como continuar?

Dirão: é preciso ser Um super-homem ou
Um super-tolo!

Não!

Não serei consumido! Não até ter consumado.
Não até ser consumado.

Enquanto houver centelha de Amor
E ela me tocar, continua.


Sim!

Continua...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Re-produções em conflito - ou uma curta metáfora sobre a naturalização dos destinos.

Em um mundo não muito distante, dois pais aguardam ansiosamente seus filhos chegarem em casa. Mas digo chegarem em casa pela primeira vez. Esses pais, em diferentes cantos de uma mesma cidade, têm as mesmas expectativas, a mesma ansiedade, o mesmo frio na barriga. Suas esposas logo chegarão do hospital trazendo o herdeiro de toda sua vida, de todo seu suor e sacrifício. Aquele com quem trocarão histórias, com quem depositarão planos, projetos. No berço do primeiro filho, uma bandeira do seu futuro time. No do Segundo, uma bandeira do seu futuro partido político.

Seus filhos chegam em casa, crescem, tem seus respectivos pais como modelo. Um cresce freqüentando com o pai todos os jogos do seu time, deparando-se com glórias e fracassos, jogando sempre uma boa bola com os amigos e disputando qual time é o melhor. O outro assiste as reuniões políticas que ocorrem em sua casa, deparando-se com glórias e fracassos, sempre participando de uma boa discussão política e disputando com os amigos qual ideologia política é a melhor.

Muito tempo se passa e ambos agora são exatamente o que cada pai desejou, um é líder da torcida organizada de seu time. O outro presidente do partido político de sua ideologia.
Cada qual vive praticamente toda sua existência entorno dessas motivações.

Certo dia, após um jogo de final e uma plenária sobre reformulação do partido, ambos partilham de um mesmo sentimento: a dor de perder. Pegam cada um seus carros e suas bandeiras, a sós, pois não queriam que ninguém os vissem chorar uma perda, saem desolados em direção a lugar nenhum. Apenas com a sensação de suas bandeiras não possuírem mais sentido.

Então, um cruzamento, nem um nem o outro parecia perceber o caminho que traçava, avançam e colidem. Nada muito grave, os dois usavam cinto, saíram ambos de seus carros para ver o idiota com quem se chocara.
Sem dar uma palavra se analisam, olham um para o outro e do outro para um. Percebem a bandeira que cada um ainda trazia estampada na sua camisa. Sem muita racionalidade, as cores vibrantes do outro apenas sinalizavam que eram rivais. Os dois portavam símbolos que riam do fracasso do outro, ambos idênticos a bandeiras de times ou partidos políticos concorrentes.

Os dois permanecem em silêncio, voltam a seus carros, pegam suas respectivas armas e disparam, não sabendo ao certo se atiravam contra o outro ou contra si.